Correio do Povo 09/05/2011 - Novas usinas ainda dependem de aval

A possibilidade de a Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) impedir a construção de barragens e, em consequência, de usinas hidrelétricas no Rio da Várzea, entre Passo Fundo e Iraí, mobiliza liderançàs da Zona da Produção. O assunto foi levantado pelo presidente da Cooperativa de Distribuição de Energia (Creluz), Elemar Battisti, em reunião da Associação dos Municípios da Zona da Produção (Amzop), na semana passada, em Trindade do Sul.

Battisti disse que a Fepam oficializou decisão interna, suspendendo as licenças que permitem a construção de barragens no rio e, em consequência, de usinas de geração de energia. O presidente explicou que existem projetos de edificação de represas ao longo do Várzea. Segundo ele, a Creluz e as outras três integrantes da Cooperativa Central de Geração de Energia Rio da Várzea (Coogerva) estão para iniciar a construção de duas usinas, com investimento de R$ 260 milhões.

Os complexos deverão ser erguidos na Linha Jacinto, entre Rodeio Bonito e Liberato Salzano, e na Linha Aparecida, divisa de Novo Tiradentes e Liberato Salzano. "Havíamos recebido a Licença de Instalação para iniciar já as obras, as quais estão previstas para se encerrar dentro de 24 meses, e agora estamos nessa dependência da Fepam", afirmou. O trabalho visando às obras começou em 1998 e a Licença de Instalação foi expedida pela Fepam em 2008.A Coogerva enviou ofício à Secretaria Estadual de Meio Ambiente destacando os avanços e investimentos que o grupo fez no projeto, além de apresentar todas as licenças e outorgas já obtidas.

Os prefeitos da Amzop registraram a desaprovação quanto a tornar o Rio da Várzea livre de barramentos. O presidente da associação, Mauro Sponchiado, disse que a entidade está elaborando documento a ser enviado à Fepam e à secretaria, justificando a importância da construção dos complexos para a região.

A técnica do Serviço de Geração de Energia da Fepam Clarisse Gulfke esclareceu que apenas estão suspensas as análises dos processos dos empreendimentos, até se conhecer as diretrizes que serão definidas após estudo realizado em diversos rios, por solicitação do Ministério do Meio Ambiente. Segundo ela, após relatório desse levantamento saiu uma resolução conjunta entre a pasta federal e o Ibama a respeito de uma nova avaliação em mananciais; entre eles o Várzea. Clarísse afirmou que, em relação às propostas dos dois complexos das cooperativas, a situação é diferente de novos processos. "Talvez sejam necessárias apenas algumas adequações do projeto, mas não está suspensa a construção das usinas", enfatizou.

Fonte: Jornal Correio do Povo, Ano 116 - N. 221, pg. 18 - 09/05/2011
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